A idéia de ser bom não deve resumir-se no simples fato de ser mais bondoso, de socorrer o necessitado que mais perto esteja de nosso alcance, ou de nos oferecermos generosamente sem a mínima prevenção e sem a limitação razoável que cada caso exige. Não; é um grave erro, e quem se atenha a tão equivocada compreensão do que deve significar realmente ser bom ou fazer o bem, deverá sofrer, como é lógico, as conseqüências de tamanha ingenuidade.
O conceito logosófico é, a esse respeito, tão amplo e claro que se torna acessível até aos de mais escasso entendimento. Estabelece, com efeito, que não se pode ser bom na verdade se não existe a excelência moral, mas como índice inconfundível de uma evolução que revele essa potestade superior, exercida com plenitude de consciência. É necessário, pois, distinguir a enorme diferença que existe entre o bonachão falto de luzes e de experiência e o homem bom por sua integridade moral, que sempre lutou para superar-se, impondo-se, muitas vezes, a privação dos prazeres triviais, a fim de achar no superior, após muitos esforços, sensações mais gratas a seu espírito.
O bem conscientemente prodigalizado, cedo ou tarde retorna ao benfeitor
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Nesse afã de aperfeiçoamento, o homem aprende a ser bom, porque conhece e sabe diferençar o justo do injusto e a verdade do erro. Seu próprio exemplo constitui por si só um constante fazer o bem, porque beneficia a todos que se vinculam à sua vida. Seu conhecimento da Lei de Caridade, enunciada pela Logosofia, converte-se num dom que lhe permite ajudar sem nunca se equivocar, procurando auxiliar, como é natural, a quem mais merece e necessita. Não faz a caridade, pois, ao deus-dará, como no outro caso, mas sim sabendo que para Deus é boa.
Além disso, costuma semear o bem em muitos lugares, porque sabe que todos os seres, sem exceção, necessitam de uma parte desse bem, grande ou pequena, mesmo quando não o saibam ou creiam que têm tudo. Consciente do exercício que faz de tal conhecimento, não o preocupa se, eventualmente, aparece algum ingrato, devolvendo-lhe o mal pelo bem, nem se afeta por isso; sabe que, no final, cada coisa volta ao seu lugar. E assim como a pedra atirada pelo que está embaixo costuma muitas vezes despencar das alturas e alcançá-lo, golpeando-o quando menos espera, o bem conscientemente prodigalizado, além de beneficiar o semelhante, cedo ou tarde retorna ao benfeitor, convertido em mil formas diferentes e, muitas vezes, nos momentos mais oportunos.