A Logosofia define a função de pensar como um ato que a mente exerce para elaborar um pensamento, uma ideia

ou, simplesmente, a descrição de um motivo que uma circunstância determinada exige para os fins de uma explicação.

Tudo o que se refere ao sistema mental é um mundo de maravilhas, e quanto mais o homem se interne nesse conhecimento, mais experimentará a sensação de que existe, pois muitos chegam à velhice e pouco é o que sabem de sua existência.

Possivelmente, em minutos muito contados se detiveram a pensar que existiam, que sua vida devia ter algum papel nesta existência. Se mais detidamente se examinassem todos os momentos de sua vida, poderiam, então, ter chegado à conclusão de que, com mais conhecimento, melhor aproveitamento teriam feito dela, chegando até a duplicá-la, a triplicá-la e, pode-se dizer, a centuplicá-la, porque aquele que pensa vive intensamente a vida. Ao contrário, quem não pensa deixa correr os dias e os anos, que vão sendo absorvidos pelo tempo. Ninguém se recorda dele. Mas quem pensa, quem faz com que seus pensamentos sejam conhecidos, quem se movimenta, quem transmite uma vitalidade superior à dos demais, esse não só vive com intensidade a vida, mas também amplia o tempo, faz num dia o que outros não fazem em anos.

Todo tempo que se aproveita pensando é tempo de vida que se renova

O Criador estendeu a vida dos homens além da que vivem outras espécies; é possível que a tenha estendido para que eles não pensem em nada?Todos os dias ou minutos em que não se pensa é tempo perdido, vida morta. E todo tempo que se aproveita pensando é tempo de vida, vida que se renova, na qual não apenas os momentos presentes e futuros são vividos com intensidade; os do passado também se revivem, e se está em contato permanente com todas as imagens que devem ser familiares, porque todas elas devem constituir uma espécie de conselheiro para as futuras atuações. Destas imagens, muitas foram colhidas da experiência, outras do estudo, e outras da meditação.

Observem o valor que tem para a vida o fato de pensar sempre, sem nunca chegar ao cansaço. Não se devem cometer excessos e, para evitá-los, é preciso recorrer ao controle individual, à razão, que advertirá a pessoa sobre o menor sinal de cansaço, a fim de que faça um repouso, uma pequena dieta mental, e continue em seguida suas profundas meditações, sensatas, cheias de vida, de lógica, de verdade.

Não pensar em coisas triviais, em coisas que possam afligir o ânimo; não levar os pensamentos que se tenham na própria mente a se juntarem com outros próprios do mal viver. Refiro-me àqueles que conduzem ao mal pensar e que, mais tarde, são levados inconscientemente até à mente, porque a companhia deles lhes agradou ou porque talvez os tenham achado alegres. Eis como se produzem os contágios mentais, juntando-se primeiro os pensamentos e, depois, os homens, e eis como nos vemos sempre diante da repetição dos fatos: o que a princípio ocorre no ambiente mental passa, em seguida, às manifestações físicas.

Extraído de Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 3, p.11


Carlos Bernardo González Pecotche, também conhecido pelo pseudônimo Raumsol, foi um pensador e humanista argentino, criador da Fundação Logosófica e da Logosofia, ciência por ela difundida. Nasceu em Buenos Aires, em 11 de agosto de 1901 e faleceu em 4 de abril de 1963. Autor de uma vasta bibliografia, pronunciou também inúmeras conferências e aulas. Demonstra sua técnica pedagógica excepcional por meio do método original da Logosofia, que ensina a desvendar os grandes enigmas da vida humana e universal. O legado de sua obra abre o caminho para uma nova cultura e o advento de uma nova civilização que ele denominou “civilização do espírito”.